sexta-feira, 24 de abril de 2009

Interacionismo simbólico - usos e limites de sua aplicabilidade nos contextos sociais virtuais/digitais

Beyond the diluted community concept: a symbolic interactionist perspective on online social relations (24/04)

Autor: Jan Fernback

O autor inicia suas reflexões salientando que o estudo ‘agarra-se’ com o conceito de comunidade no ciberespaço e vislumbra sugerir formas alternativas de caracterizar as relações sociais online. Baseado em entrevistas e uma reflexão teórica da comunidade online, ele considera que a metáfora da "comunidade" no ciberespaço é uma união de conveniência, sem real responsabilidade.
Este estudo sugere uma abordagem ‘interacionista simbólica’ para o exame das relações sociais que está livre de controvérsia e bagagem estrutural-funcional do termo "comunidade". O autor sugere que a comunidade é um processo evolutivo, e este compromisso é verdadeiramente o desejado ‘ideal social’ na interação social, quer seja online ou offline.
Fernback salienta que desde o final do século 19, sociólogos, antropólogos, cientistas políticos e profetas culturais têm mantido a busca da questão social da comunidade no discurso popular. Este discurso verifica a natureza da comunidade e seu valor na cultura pública.
Para o autor, o dinamismo é o foco deste artigo, que analisa o conceito de comunidade no ciberespaço e sugere formas alternativas de caracterizar as relações sociais online a fim de evitar que os caprichos da "comunidade". A idéia de cibercomunidade (comunidades virtuais) é incontornável – ‘deixar para trás os nossos corpos, e nossos preconceitos e limitações associadas a essas entidades, para interagir apenas como mentes em um ambiente livre’. Este estudo portanto, analisará alguns pressupostos teóricos sobre a comunidade, contextualizando o conceito de ‘cybercommunity’ ou também apresentado como cibercomunidade, e algumas conclusões a partir de dados coletados a partir de entrevistas com os participantes de fóruns online, bem como sugerir outras conceituações de interação social online como um meio de progressos paradigmáticos em relação a narrativa sobre cibercomunidade.
No tópico ‘o que os estudo sobre comunidades online revelam’, Fernback expõe o pensamento de alguns autores destacando que estudos prévios das comunidades online incidem sobre as possibilidades de territorialização - a Internet como um novo espaço social. Entre os autores, ele destaca:
- Benedikt (1991) afirma que o espaço virtual é materialmente análogo ao espaço físico em que tem propriedades físicas e geográficas.
- Rheingold (1993) afirma que comunidades virtuais realizam a solidificação de funções tradicionais da comunidade pré-industrial.
- Baym (1995) encontra em linha com os grupos' ricamente desenvolvido culturas "a transformar a Internet em um novo espaço comunal.
- Whittle (1997) o verdadeiro poder das comunidades virtuais cabe dentro da nossa capacidade de criar e desenvolver as comunidades, não apenas para escolhê-las.
- Miller (1996) concorda, argumentando que, apesar de avanços nas tecnologias da comunicação serem muitas vezes culpado pela destruição da comunidade, tecnologias online podem ser usadas para restaurar e reforçar o impulso da humanidade de criar e sustentar comunidades.
- Jones (1995) observa que qualquer definição de comunidade online deve englobar elementos espaciais e sociais. Assim, Jones apóia uma concepção robusta de comunidade que conecta matéria / espaço com a transmissão de valores sociais e sistemas de crença.

Globalmente, em nações desenvolvidas, os novos meios possuem um grande papel nestas transformações. Mas o corpo de investigação sobre a comunidade online não tem feito o suficiente para problematizar sobre comunidade: O homem tem uma necessidade intrínseca de forma associativa de grupos? Como pode ser uma associação comunal disfuncional? Comunidade tem sido ‘essencializadas’ e teorizadas na medida em que tornam-se quase sem sentido? A próxima seção considera hipóteses sobre a comunidade em novas mídias estudos, afirma o autor.
Na seção ‘Questões da comunidade na era digital’, o autor faz referências a autores bastante conhecidos como Castells e Jankowski entre outros, salientando como tais autores percebem o termo comunidade. Em seguida, ressalta que os estudos sobre comunidades online estão inevitavelmente ligados ao desenvolvimento da Internet entre outros fenômenos culturais. Deste modo, uma crítica da natureza das comunidades assume maior importância cultural. Afirma ainda que a distinção entre o "real" e o "virtual" tornou-se muito menos útil como a internet e está firmemente enraizada no dia a dia da existência cultural.
Em seguida, debate sobre o termo ‘glocalização’. De acordo com Pew, ‘glocalização’ é evidente no ciberespaço - as pessoas estão expandindo seus planos sociais, e ao mesmo tempo, vinculam-se mais profundamente às suas comunidades locais. Originalmente usado como um termo comercialização no Japão, o termo 'glocalização’ tem em sua raiz o desejo de normalizar o ‘reino do global’ para o familiar ‘terreno do local’ (Robertson, 1992). Apropriado por Wellman (2002), o termo significa que todos os aspectos da esfera social têm se deslocado do tradicional conceito de comunidade homogênea para redes ‘glocalizadas’ (onde famílias estão conectadas globalmente e localmente através de redes ligadas) e mais em direção às 'redes individuais’, em que os indivíduos tornam-se associados e desatentos à fronteira espacial. Deste modo, a ‘glocalização’ é o resultado de uma forte conexão local com interações de amplo alcance global.
Fernback ressalta que o estudo aqui apresentado é orientado por um quadro ‘simbólico-interacionista’ para investigar a natureza das relações sociais formadas nos grupos na rede. Este paradigma, afirma o autor, fornece um valioso instrumento para a compreensão de como as representações simbólicas das comunidades online em influenciam as noções dos participantes sobre interações comunais. Destaca ainda os estudos de Blumer e suas premissas.
Para compreender os sentidos de "comunidade em rede” para os participantes nos espaços sociais virtuais, 30 pessoas com experiência grupos online foram entrevistados em profundidade. O objetivo das entrevistas foi o de documentar a experiência de interação social online para que os participantes compreendam como se caracteriza a natureza dessas interações. Para investigar os significados que estas pessoas provêm de sua interação online em grupos, uma abordagem qualitativa alicerçada numa perspectiva interacionista simbólica foi empregada (segundo Blumer, 1969). Para avaliar a percepção das realidades da interação social online, os membros dessas comunidades devem ser questionados para determinar a relevância deste tipo de atividade social em suas vidas. Estratégias interpretativas recolhidas principalmente a partir de estudos antropológicos foram aplicadas para elucidar conclusões.
Os indivíduos foram convidados a partir de grupos online escolhidos aleatoriamente. Os grupos tratavam dos seguintes temas: filosofia oriental, filosofia política, pós-graduação em ciências humanas, política, saúde geral, e questões homossexuais. Após participar destes grupos por um período de seis meses, o autor solicitou, via e-mail, respostas a um questionário aberto por tempo indeterminado. Alguns entrevistados concordaram em ser entrevistadas offline, em pessoa.
As questões da entrevista foram organizadas em quatro seções: (1) informações sobre o uso de grupos online; (2) Em que medida os indivíduos consideram suas interações sociais virtuais como sendo cibercomunidade; (3) Quais sentidos são recolhidos por eles a partir de interação em comunidades virtuais, e (4) temas como experiências online e offline foram integrados.
Fernback constata que o mais importante achado deste estudo é que os participantes de grupos online possuem entendimentos incongruentes do personagem em rede que realiza relações sociais. As suas opiniões sobre a natureza das interações comunais online estão enraizadas em significados que se constroem sobre o valor da comunidade e das suas interações com os outros, em suas esferas sociais online e offline. Dois temas identificáveis emergiram das entrevistas, conforme relatado nas seguintes seções:
Comunicação online e vida pública: quando questionados sobre a caracterização de sua interação social online e sobre a descrição do impacto da interação nos grupos online (se houver) na vida pública, a maioria dos inquiridos demonstrou atitudes ambivalentes sobre suas experiências sociais online.
O significado de atividade online como estereótipo: quando questionados sobre a descrição "dos seus sentimentos e opiniões sobre o fenômeno da interação de grupos online" e sobre a equiparação da "qualidade de suas experiências sociais offline e online", a maioria dos inquiridos atribuiu uma efêmera qualidade para os seus relacionamentos comunais online. Alguns, no entanto, consideraram a interação social online e offline como ‘indistinguíveis’.
A partir desses dois parâmetros, o autor discute alguns pontos. Para ele, noções tradicionais da comunidade não são verdadeiramente manifestadas no ciberespaço para estes participantes. Eles questionam se a comunidades virtuais têm o suficiente para verdadeiramente desenvolver costumes, lendas folclóricas, legados e orgulho nestes espaços. Mesmo a comunicação íntima online ainda está sendo mediada pelo computador pelo fato de que os comunicadores têm mais probabilidade de conhecerem estranhos. Tanto a alegria como a opressão dessa intimidade mediada por computador são temperados pela falta de contato humano. A metáfora da comunidade virtual colocada sobre as relações sociais é insuficiente e inadequada.
Mas essa metáfora é uma união de conveniência, sem verdadeira responsabilidade, afirma Fernback. Muitos entrevistados citaram a ‘opressividade’ como uma preocupação em suas comunidades virtuais, e um inquirido ressalta que se sentiu tão sufocado pelo seu grupo, que ele finalmente o deixou. Elementos de continuidade e sustentação da interação tendem a ser raras em grupos online. Com base nestas preocupações, poderá suspeitar de que um cidadão de cibercomunidade não iria tolerar alguns comportamentos como o banimento.
A partir dos resultados, o autor aponta algumas ‘alternativas para a construção de comunidades virtuais’. Segundo Fernback, o conceito de comunidade como uma ‘panacéia social’ tem sido enfraquecido. Como uma instituição, a comunidade não tem limites ou verificações; é eternamente procurada e persistentemente incentivada.
Para ele, o que é útil no estudo das relações sociais online inclui as abordagens diferenciadas e multifacetadas de estudiosos descarregadas pelo rótulo de comunidade. Análise de redes é útil para a compreensão de como os usuários de redes de computadores forjam relações individuais que são propositais e de menor carga de valor.
Outro ponto abordado pelo autor é que as comunidades nem sempre são formadas concisamente por consenso ou intimidade. Trata-se de compreender que os indivíduos estão unidos por uma necessidade para perpetuar a sociedade e a cultura. Isso obriga os seres humanos a precisarem trabalhar em conjunto e se comunicarem em um processo contínuo de manutenção social ou mudança social. Este processo nem sempre é eficiente ou palpável, que pode ser caótica e possuir oposição.
Em suas conclusões, destaca que Robins (1999) sugere que a própria comunidade virtual é uma visão socialmente regressiva da ‘tecnocultura’ desejando um mundo que não existe. Ele argumenta contra a "obsessiva" caracterização da distância geográfica como tirânica. Robins implica que a comunidade online oferece uma visão anti-social e anti-política do mundo.
Considerando o potencial opressivo da comunidade, para além do seu potencial de estabilização social, Fernback afirma que temos de avançar para além da nostalgia da comunidade ideal. Para ele, a academia deve pensar em ir além da comunidade como um produto ou um fim em si próprio. Temos de pensar em ir além da comunidade como uma estratégia de marketing online. Temos de avançar para além da metáfora da comunidade online como o paradigma de relações sociais. Em última análise, este estudo sugere uma abordagem simbólico-interacionista para o exame das relações sociais online que está livre da controvérsia e de bagagem estrutural-funcional. De acordo com esta perspectiva, a comunidade é uma construção mutável, determinada pelos atores sociais que criam significado nisso. Esta abordagem reconheceria que as estruturas sociais em rede são influenciadas pelas relações institucionais, o poder, o nacionalismo, informação mundial e dos fluxos de capitais, crise de estratégias de gestão e de outros processos que constroem as nossas práticas "comunais".
Para o autor, se os estudiosos continuarem a pintar a internet com o ‘pincel largo’ da comunidade, eles diluirão o potencial da investigação para compreender como comunidades online são constituídas, como elas funcionam, como elas são integradas na vida social offline, ou o que elas fornecem. Ultrapassar a comunidade como um paradigma de estudos online equivale a avançar para além dos efeitos dos estudos de comunicação de massa. É um reconhecimento do rico resultado do passado e futuro, bem como um compromisso para outras avenidas frutuosas de pesquisas deste fenômeno social.


The cyberself: the self-ing project goes online, symbolic interaction in the digital age (24/04)
Autor: Laura Robinson

Neste artigo, Laura Robinson inicia suas ponderações destacando no tópico ‘Muito antes de comunicação mediada por computador (CMC), interação simbólica’, que embora o ‘eu’ seja consagrado, não é delimitado mas constantemente renegociado. No entanto, tal como as perspectivas interacionistas simbólicas tentaram derrubar conceitos do ‘eu’ estático delimitado como um todo, perspectivas pós-modernas ameaçaram a concepção de interação simbólica para um ‘eu’ maior, criado e mantido através da interação.
A autora examina estes dois quadros concorrentes à luz das definições dos ‘cyberself’ online e o processo de auto-construção. Ela acredita que na criação de ‘eus’ online, os usuários não procuram transcender os aspectos mais fundamentais dos seus ‘eus’ offline. Em vez disso, os usuários colocarão na essência dos corpos, personas, e personalidades enquadradas de acordo com as mesmas categorias que existem no mundo offline.
Para Robinson, o quadro do interacionismo simbólico é fundamental para a compreensão do processo de construção do ‘cyberself’ porque o ‘cyberself’ é formado e negociado da mesma forma que o ‘eu’ offline. Online, o 'eu' e o 'mim' ainda informar-se mutuamente, ainda que em um suporte diferente, utilizando diferentes expressões "fixado" e "fixado desligado" (Mead, 1934; Goffman, 1959). Por último, estas interações digitais continuam a exigir uma análise Goffmaniana para compreender a interação tanto 'no palco' como ' nos bastidores'.
Assim sendo, a autora faz um panorama do conceito de interacionismo simbólico, e destaca, embasando-se em Holstein e Gubrium (2000) e, que ao afirmar que o self é empírico, o interacionismo simbólico contesta a popular idéia de que existe o self delimitado fora da interação social como um todo, que é distintivo e fixado em contraste com outros.
Também destaca os pressupostos de Cooley e sua noção ‘looking-glass’ (auto-espelho) que define a auto-reflexão como a gerada pelo ‘outro generalizado’, que é conjugada com o acórdão do ‘outro generalizado’. Em outras palavras, o nosso senso de self é realmente a nossa percepção da avaliação da sociedade sobre nós. Neste processo, através da imaginação que nós percebemos em outro pensamento da mente algumas das nossos aparências, maneiras, objetivos, ações, natureza, amigos, e assim por diante, e que são afetados por ela várias vezes.
O conceito de looking-glass baseia-se num triplo processo. Em primeiro lugar, o self imagina como ele aparece para os outros. Em segundo lugar, o self então imagina a sentença dos outros. Finalmente, o self desenvolve uma resposta emocional a esse julgamento.
Por sua vez, Mead (1934) vê o self como o produto deste processo em que "uma não resposta que ele dirige ao outro e, quando a sua própria resposta se torna uma parte de sua conduta, onde não só ele se ouve, mas responde a si próprio”. Portanto, para Mead, o "eu" é a representação da ordem social ou do "outro generalizado".
Goffman ainda transforma os conceitos de Mead e Cooley em sua prorrogada metáfora do self em dramaturgia. Goffman estuda o self através de atividade mundana 'para descobrir o processo de auto-construção que ele descreve como uma produção dramática’. Nos estudos dramatúrgicos de Goffman, o self gera os seus empreendimentos interacionais estrategicamente e os realiza de uma forma calculada para projetar uma imagem que os outros interagentes encontrarão credibilidade. Em suas performances, o self se esforça para transmitir uma identidade consistente com as expectativas formadas pelo público e com a situação, ou estágio, que enquadra a interação.
No tópico ‘construindo o ciberself: o projeto da constituição do ‘eu’ online’, a autora traz alguns conceitos e pensamentos que irão reforçar seus argumentos e fazer alguns links das teorias anteriores com o ciberespaço. Assim sendo, inicia com os pressupostos de Hill. O autor em questão examina a ‘promotional-hype’ ou segundo seu texto, ‘promoção de ambientes virtuais’, que prevê que os espaços virtuais o self não pode discriminar entre outros reais e o self são projeções exteriorizadas.
Complementando, Turkle fala a a partir dos resultados de suas pesquisas sobre usuários de MUDs, que os ‘múltiplos selfs’ liberta das obrigações corpóreas que engendram o mundo offline, tanto que esses ‘multiplos selfs’ podem estar simultaneamente presentes em numerosos espaços virtuais. Para Turkle (1997), no ciberespaço tem-se a oportunidade de expressar os vários e talvez desconhecidos aspectos da personalidade, através dos MUDs (Multi-User Dungeons). Turkle (1997), pondera ainda que, no mundo mediado pelos computadores, o eu é múltiplo, fluido e consubstanciado nas interações com a rede de máquinas. Para ela, “o computador situa-se na linha de fronteira. É uma mente, mas não é bem uma mente. É inanimado, porém interativo. Não pensa, mas não é alheio ao pensamento. [...] o computador transporta-nos para além do nosso mundo de sonhos e animais e permite-nos contemplar uma vida mental que existe na ausência de corpos (TURKLE, 1997, p. 31)”. Baseado em entrevistas com usuários dos MUD (MUDders), Turkle considera que a construção do cyberself oferece uma "ardósia fresca ' para MUDders online criarem novas identidades.
Robinson observa ao final do tópico que como tecnologias de saturação, ambientes online deixam a seleção do self para o usuário. A partir de uma perspectiva pós-moderna, essas tecnologias apresentam a oportunidade de auto-contrução para um self efêmero, sem compromisso com uma ‘masterself’ (self mestre) que abriga um 'eu' ou um 'mim'.
A partir daí, Robinson se envereda nas discussões do tópico ‘representação e a criação de ciberpersonas’ e enfatiza ainda mais a questão dos MUDs e citando Wertheim, aponta que os MUDders saciam suas fantasias sem temer as repercussões que iriam acontecer no mundo offline, porque o comportamento e expressão aceitáveis no ambiente MUD supera a distância do mundo offline. Nas entrevistas com usuários de MUD, Turkle salienta que muitos jogadores MUD testemunham a realidade de seus selfs virtuais e descrevem os selfs online como sendo "mais reais" do que os que possuem no mundo offline.
No tópico ‘reconstituição do cibercorpo’, Robinson destaca que em MUDS, quando os usuários descrevem os seus corpos virtuais, eles muitas vezes exageram os próprios marcadores de gênero, raça, e a juventude que lhes falta no mundo da fisicalidade corpórea (Chen, 1998). Personagens masculinos são construídos como corpos musculosos, enquanto os personagens femininos são descritas como brandas, e tais cibercorpos tendem sempre a aparecer, seja o masculino ou feminino, para um grau exagerado (Clark, 1995). A simulação da ‘corporalidade’ do corpo indica que os criadores de corpos virtuais desejam preservar o corpo de alguma forma, para não transcenderem à ele (O'Brien, 1999).
Em seguida, cita Wertheim, apontando que a autora critica a perspectiva pós-moderna de cyberself, afirmando que independentemente do seu valor real, não é simplesmente uma experiência de mudança de identidade. Posso jogar com qualquer número de personalidades online sem sofrer fragmentação dos meus 'arquivados' selfs. 'Eu' - isto é, o meu 'eu' - pode jogar qualquer número de diferentes pessoas online e offline, mas isso não significa que se tornam fragmentados. Portanto, argumenta Wertheim, ambientes online não oferecem opções do indivíduo ausentar-se do mundo offline.
A autora finaliza este tópico enfatizando que em termos Goffmanianos, as pessoas dão múltiplas performances para diferentes públicos, pois ao invés de libertar-nos das nossas identidades sociais offline, o ciberespaço proporciona condições para codificá-las.
Já em ‘a ilusória tentação de abordagens pós-modernas’, a autora afirma que que a maior falha fundamental nas interpretações pós-modernas de construção do cyberself reside na tentativa de generalizar a partir de estudos iniciais de MUDS, a construção de cyberself em geral. Outra ponderação sobre as generalizações neste sentido, reside no fato de que interpretações pós-modernas de construção do cyberself já não são válidas, e não podem ser aplicadas à população da internet em geral porque são baseadas precocemente nos usuários que investidos de MUDS. Hoje, a população de usuários é muito diferente, e já não é mais dominada pela cor branca, e pelo sexo masculino.
As identidades online são suscetíveis de serem extensões de identidades offline porque "para a maioria das pessoas, o aumento da utilização internet, amplia e complementa o que eles fazem offline" (Rainie, 2004). Assim, finaliza Robinson, a percepção do usuário na Internet como alguém separado e alienado da sociedade atual' já não é credível.
Quando inicia suas reflexões sobre ‘interacionismo simbólico e construção do cyberself’, Robinson destaca que dada a mudança de populações de usuários e tipos de atividades na Internet, para a maioria dos usuários on-line, self é uma extensão do ‘masterself’ offline. Com isto em mente, a autora regressa ao interacionismo simbólico novamente para explicar auto-construção online e sinalização de identidades.
O cyberself é o emergente produto da interação social em que o self comanda a capacidade de ser tanto o sujeito quanto o objeto de interação. Desta forma, a construção do cyberself cria o par virtual ‘eu / mim'. Online, a página inicial permite que o 'eu' apresente o self ao ‘ciberoutro’; na verdade, a própria construção da homepage pressupõe a expectativa do virtual "outro generalizado".

Estes links movem usuários entre interações textuais e espaços de construção identitária. Em outros fóruns, como as discussões políticas de grupos, os usuários empregam links ou referências à homepages profissionais para dar credibilidade às suas próprias afirmações. Nestes aspectos, a homepage continua a ser uma expressão do 'eu', que antecipa a reação do ‘ciberoutro’, criando, assim, o 'mim'.
Além disso, nos weblogs ou blogs, bem como diários on-line, espaços virtuais ampliam a concepção da página inicial como espaço interacional. Blogs permitem a mesma apresentação do 'eu' como fazem as homepages, mas eles esperam também os outros para interagir com o 'eu', no mesmo espaço virtual. O blogueiro apresenta o 'eu' através de construção de páginas e mantêm um diálogo com os outros ‘eus’ pelas reações e comentários nos posts.
A partir daí, a autora se envereda na discussão sobre a temática ‘sinalizando a identidade no mundo mediado por computador’. Destaca então que na interação social face-a-face, os indivíduos empenham-se uns com os outros por meio de qualquer das suas modalidades sensoriais. No entanto, na rede, não há sinais interacionais físicos como tal. Atualmente, a maior parte da comunicação mediada por computador ocorre através de intercâmbios com base em texto. Usuários online empregam texto para enviar e receber sinais que mimetizam as estruturas das expressões "given" e "given off" no mundo offline.
Robinson exemplifica que o e-mail fornece ambas as expressões "given" e "given off”. Por exemplo, em um fórum empresarial, um usuário pode postar o seu ‘cargo’ como uma expressão "given". No entanto, se o usuário não usa o email da instituição com o nome, este pode não enviar a expressão adequada "given off”. Ao usar um e-mail associado à identidade institucional reivindicada pela expressão "given", a expressão "given off” iguala e valida a expressão "given". E-mail de uma conta gratuita, como o Yahoo, pode sinalizar a possibilidade de engano de identidade, porque não existe nenhuma prova de filiação ou de identidade offline. Em suma, o 'given' diz respeito às suas ações voluntárias que apontam suas características e o 'given off' são as demais formas de expressão e outros, que deixam transparecer sua identidade ou seu estado, sem necessariamente ser algo voluntário.
Em seguida, a autora retorna à Goffman ressaltando que em termos de interação cibernética, podemos chamar seu argumento de metáfora da dramaturgia. Para Goffman, cada vez que um usuário posta em um fórum ou chat, ele realiza uma performance. Goffman define um desempenho como ‘toda a atividade de uma pessoa, que ocorre durante um período marcado pela sua presença contínua antes de um conjunto particular de observadores’. Para ser bem sucedido, o desempenho é ‘moldado e modificado para se ajustar ao entendimento e às expectativas da sociedade em que é apresentado’. Além disso, o ator opta por 'renunciar ou dissimular a ação que é incompatível com estas normas’.
Para Halbert, para que os usuários mantenham com sucesso os seus membros em uma comunidade, que deve realizar auto-identidades que não violem o contexto da interação da comunidade, que pode ser lido através dos nomes na tela, biografia dos membros, introduções e os contextos em que se realizam conversas.
Às vezes, performances falham. Isto é especialmente verdadeiro quando ‘não associados’, às vezes chamado ‘trolls’, tentam usar esses sinais para imitar os hábitos linguísticos dos membros reais. A ciberaudiencia é rápida para sinalizar a tensão durante a sinalização de identidades corretas e identidades enganosas. Porque dissimulando ciberperformances, podemos falsificar assinaturas em rede sem gastar muito tempo ou esforço, e a maioria dos membros não irá invocá-los como indicadores confiáveis de identidade. Em vez disso, o público inspeciona linguagem e vocabulário tal como expressões "given off”.
A autora também ressaltam a sinalização textual bem como as expressões como "LOL" que sintetizam as características físicas em texto. Em mensagens instantâneas (IM) e e-mail, os emoctions oferecem uma infinidade de símbolos que, como o "LOL", reduzem sinais visuais interacionais em um ícone visual embutido no texto.
A autora finaliza suas ponderações apontando que os estudos que vislumbram identidade e interação social na internet ainda focam públicos específicos (do gênero masculino, e que a partir dos MUDs buscam no mundo online, satisfazer seus ‘eus’ que de algum modo não são satisfatórios no mundo offline. Porém, lembra que esses usuários já não constituem a maioria da população na internet. Assim, destaca Robinson, no ciberespaço perpetua a mesma auto-construção interativa que existe no mundo offline.

sábado, 18 de abril de 2009

Symbolic Interactionism - Perspective and Method - Por Herbert Blumer

Capítulo I - The Methodological Position of Symbolic Interactionism

O primeiro capítulo do livro de Herbert Blumer se ocupa em esclarecer tanto no que consiste a proposta metodológica do Interacionismo Simbólico quanto em mostrar que há uma compleição metodológica por trás da proposta teórica. O autor inicia o texto apontando várias similaridades entre o trabalho de vários autores, entre eles William James, John Dewey e George Herbert Mead, o qual, segundo Blumer, foi o mais eficiente na delimitação das idéias que estruturam o Interacionismo Simbólico. O artigo se estrutura, então, em primeiro mostrar as características da teoria, depois as posições e princípios metodológicos que guiam a corrente de pensamento.
O autor identifica três premissas básicas na qual age o Interacionismo Simbólico: (i) a de que os seres humanos agem para com as coisas de acordo com os significados que elas têm para eles. Essas ‘coisas’ podem ser efetivamente tudo que um ser humano pode notar em seu mundo – estruturas físicas, outros seres humanos, categorias de pessoas, instituições e encontros no dia-a-dia. A premissa seguinte é a de que (ii) tal significado deriva da interação social estabelecida entre as pessoas. Por fim, a de que esses (iii) significados são lidados com e modificados através de um processo interpretativo utilizado pela pessoa que está lidando com as ‘coisas’ que ela encontra. Tal perspectiva era, na época em que o texto foi publicado, contrária à maioria da literatura que concerne ao tema – para a qual o significado era uma coisa pré-definida e então deixada de lado com desimportante – ou somente uma ligação neutra entre os fatores responsáveis pelo comportamento humano e esse comportamento como sendo produto de tais fatores.
O autor faz uma harmonização entre conceitos da psicologia e da sociologia através da teoria apresentada, apresentando o modo pelo qual as duas disciplinas lidam com fatores comuns às interações sociais, de onde cada campo apenas aderiria a explicações independentes umas das outras para explicar o comportamento humano. Para Blumer, duas correntes teóricas dividem a posição sobre o problema: a (i) primeira que afirma que as ‘coisas’ possuem significados intrínsecos, sendo uma parte natural de sua composição; e a segunda (ii) que o significado é simplesmente a expressão de elementos psicológicos que entram em contato com a percepção da coisa – o que limitaria o processo de produção de sentido porque estaria sujeito apenas aos elementos existentes no momento do contato. O autor afirma que o Interacionismo Simbólico vê o significado como proveniente de outra fonte – ele surgiria da interação de outras pessoas com relação àquela coisa – os significados seriam produtos sociais como criações formadas através da interação das pessoas. Essa perspectiva contemplaria a existência de um processo de interpretação pelo qual se daria o sentido de forma muito mais dinâmica. Esse processo de interpretação ocorreria conforme dois passos: no primeiro o ator indicaria para si mesmo as coisas com as quais ele desejaria interagir, e no segundo, em conseqüência desse processo de comunicação consigo mesmo, a interpretação se localizaria como sendo um processo de lidar com significados. O processo de interpretação, para Blumer, seria formativo.
Blumer aponta a existência de um número de idéias básicas – imagens raiz – que se refeririam e transpareceriam as naturezas dos seguintes tópicos: grupos humanos, ou sociedades, interação social, objetos, o ser humano como ator, a ação humana e a interconexão entre essas linhas de ação.
Ele explica cada ponto de forma detalhada:
- Natureza da Sociedade Humana: se referiria ao fato de os grupos de pessoas serem considerados indivíduos que estão sempre entrando em co-ação. Para Blumer, grupos de pessoas ou sociedades só existem ‘em ação’. Dessa ação, resultariam tanto a cultura (derivada das coisas que as pessoas fazem quanto a estrutura social (relativa aos relacionamentos derivados de como as pessoas agem com relação umas às outras.
- Natureza da Interação Social: uma sociedade é composta por indivíduos interagindo entre si. As atividades de um membro ocorreriam em resposta – ou em relação – às atividades de outro. Blumer aponta que a Interação Social é uma interação entre atores – e não entre fatores associados a esses atores. A diferença com relação à abordagem do Interacionismo Simbólico é que ele reconhece a interação social como que forma o comportamento humano, ao invés de ser apenas um veículo para tal. Mead identifica, aqui, duas formas de interação social: uma não-simbólica (conversação de gestos), associada a movimentos reflexivos; e outra simbólica (o uso de símbolos significantes), associada a uma característica interpretativa, a um processo de formação de sentido. Mead vê uma carga grande de significado na idéia de apresentação de gestos, porque a interpretação de um gesto percorre as três dimensões da natureza do significado – o gesto significa algo pra quem o produz, algo para quem o vê/recebe e a ação conjunta, a articulação entre as duas ações.
- Natureza dos Objetos: para o IS, os mundos nos quais os seres humanos podem existir são compostos de objetos – objetos esses que são os produtos da interação simbólica. Os objetos podem ser: (a) físicos; (b) sociais e (c) abstratos. A natureza de um objeto depende estritamente de quem interage com ele. Objetos não possuem status sólidos – eles variam com as indicações e definições que as pessoas fazem sobre eles.
- O Ser Humano como Organismo Ator: o ser humano é visto como um organismo que não responde somente aos outros no nível não-simbólico – ele faz indicações e interpreta o que os outros comunicam. Um ponto importante aqui é a objetivação do ser. Como outros objetos, o objeto ‘self’ emerge do processo de interação social com as outras pessoas, na tentativa de diferenciação. Tais objetos ‘self’ seriam formados pelo processo de assunção de papéis – numa exteriorização de nossa consciência – projeção de nós mesmos, visão de nós mesmos, num processo de auto-interação (que seria proveniente dessa característica).
- Natureza da Ação Humana: A natureza da ação humana é reconhecer que a atividade dos seres humanos consiste em lidar com um fluxo de situações com as quais precisamos interagir – e tal interação é composta pela base interpretativa e sua relação com o que a pessoa percebe.
- Interligação de Ações: Talvez o mais complexo dos pontos discutidos por Mead, a interligação entre ações humanas consiste em organizações sociais de produção de diferentes atos de diversos participantes. Tais ações às vezes geram padrões – que existem de forma preponderante e recorrente em sociedades já estabelecidas. Blumer faz dois comentários distintos com relação ao presente esquema: o primeiro dizendo respeito ao fato de que a expressão das formas pré-estabelecidas de ações conjuntas não dita a extensão da vida em sociedade; e o segundo afirmando que precisamos reconhecer que mesmo no caso de ações conjuntas pré-estabelecidas e repetitivas, cada instância da ação conjunta precisa ser formada de forma inédita. Tais ações sempre estão relacionadas a ações prévias de seus participantes (numa lógica de intertexto).
Blumer, então, começa sua incursão pela problemática relativa à metodologia relacionada ao interacionismo simbólico. Para o autor, o interacionismo simbólico constitui uma abordagem científica empírica que precisa de um mundo empírico existente – que serve de como lugar de observação, estudo e análise. Ele determina, nesse ponto, que o conceito de realidade está absolutamente concatenado à existência desse mundo, no que se refere ao trabalho empírico, e só pode ser procurado e verificado quando em contato para com o mundo. Para o autor, a ciência empírica busca resolver seus problemas deslocando imagens do mundo empírico sob estudo e testando-as através do extenso escrutínio da problemática do mundo empírico. Tal afirmação leva ao fato de que a metodologia se refere, ou guia, os princípios que sobrescrevem o processo de estudo do caráter não-corruptível do mundo empírico.
Para o autor, uma metodologia funciona da seguinte forma: ela (1) abraça o problema científico inteiramente – e não somente uma pequena parcela dele; (2) cada parte desse problema, assim como ato científico completo, precisam se encaixar no mundo empírico, de modo que tais métodos possam ser testados e finalmente (3) o mundo empírico sob estudo – e não um modelo qualquer de questionamento científico – precisa prover as respostas decisivas para o teste.
Para isso, o pesquisador precisa de: (a) um esquema do mundo empírico sob estudo; (b) ter dúvidas sobre o mundo empírico estudado e converter tais dúvidas em problemas científicos; (c) Determinar os dados a serem procurados e os meios que podem ser empregados em consegui-los; (d) Determinar as relações entre os dados e por fim (e) Interpretar o que foi achado. Há ainda uma outra categoria que diz respeito a todo o processo, a idéia do (f) Uso de Conceitos – modos de categorização que são usados como guia para que dados vão ser coletados, procurados.
O autor critica duramente ainda os métodos quantitativos, principalmente de acordo com a quantificação de variáveis que, para ele, não podem ser quantificadas. Isso está explícito, em especial, na idéia dos procedimentos operacionais. Há ainda uma crítica quanto ao que é ensinado para os jovens pesquisadores – que apenas aderem a uma base protocolar de desenho de pesquisa, e que Blumer defende que não garante que o mundo empírico esteja sendo respeitado.
Blumer se debruça sobre a idéia de ‘testar uma hipótese’ como sendo uma das bases para estabelecer a base do trabalho empírico. Ele mostra que uma hipótese precisa (a) conter genuinamente o modelo do qual ela é deduzida e (b) ser testada e encontrar tanto casos positivos (que a confirmem), quanto casos negativos. O autor resume: “aderir a um protocolo científico e tentar replicar resultados testando hipóteses não garante a validação empírica genuína que as ciências sociais requerem”. O autor ainda traça uma crítica aos pesquisadores que se utilizam de tais protocolos operacionais para tentar explicar um mundo do qual eles não participam.
Finalmente, Blumer aponta dois caminhos metodológicos pelos quais os usuários da metodologia do Interacionismo Simbólico podem enveredar: o primeiro diz respeito à dinâmica da (1) Exploração, pela qual um estudioso pode encontrar tanto um relacionamento de compreensão daquela esfera social quanto desenvolver suas argüições para com o problema. A dinamicidade de alguns ambientes é especialmente vivida nessa dinâmica. A segunda dinâmica é a da (2) Inspeção, que consiste em examinar de forma intensiva o conteúdo empírico e de forma criativa abordar suas questões – o que Blumer sugere como indo na contramão do que é feito nas ciências psicossociais – tal método descende do método usado por Darwin em sua teoria da evolução das espécies.
O autor, ainda falando sobre metodologia, delineia os principais problemas que um cientista social usando o Interacionismo Simbólico pode encontrar: (1) transferir sua visão como sendo a visão do grupo estudado; (2) como as linhas de comportamento das pessoas são traçadas de acordo com os lugares onde elas vivem, há um problema sério de validade nas aproximações de grande escala – além de não se ter exatamente uma dimensão do aspecto social do referido grupo (geralmente se minimizando ou simplificando-o). (3) como as ações sociais são o campo central do estudo, elas precisam ser bem delineadas - e seu processo de desenvolvimento deve ser acompanhado na íntegra.
Por fim, na sua breve conclusão, o autor, imperativo, pede para que se tenha um maior respeito com questões de metodologia associadas ao Interacionismo Simbólico.

Capítulo II - Sociological Implications of the Thought of George Herbert Mead

O segundo capítulo reflete, como o título afirma, a visão de Blumer de acordo com o pensamento de Mead. O artigo se debruça sobre muitos temas que já foram vistos no capítulo anterior, contudo. O autor inicia combatendo a idéia de que os significados estão imbuídos no mundo ao redor, e que a consciência e as mentes dos seres humanos já viriam com uma pré-visualização da realidade. O autor então, envereda por analisar os 5 pontos que Mead aponta em seu trabalho e que foram de valor inestimável para construir o campo do Interacionismo Simbólico.
(1) O Self – Mead interpreta o homem como sendo um ator que pode tanto interagir com os outros quanto consigo mesmo – essa visão era extremamente diferenciada das abordagens psicossociais de seu tempo.
(2) A Ação – A ação é desenvolvida num processo dinâmico para com o mundo – ao invés de meramente ser uma estrutura psicológica previamente existente ativada por fatores incidentes àquela estrutura.
(3) Interação Social – Aqui a contribuição principal do autor foi fazer uma diferenciação entre Interação Simbólica e Não Simbólica – no que diz respeito à Interação Não-Símbólica, a idéia é a de que podemos interpretar gestos que são puramente reflexivos e nos comportar de acordo com isso, não contendo simbologia. A interação simbólica estaria permeada por símbolos, sendo, então, interpretada. Aqui tem-se que apontar que a produção de sentido é um processo formativo – diferente da insistência das ciências da psicologia em tratar tal interação somente como um fator externo, um meio neutro.
(4) Objetos – Qualquer coisa, eventualmente, num mundo empírico. Podem ser físicos, sociais ou abstratos. Sua natureza é construída com base em sua significação, em seu sentido – e sua significação depende de quem se refere a eles. Todos os objetos são produções sociais, de modo que eles assim são formados e assim são transformados pela interação social e seu processo de interpretação.
(5) Ações Conjuntas – São linhas de comportamento e interações entre os homens que coexistem no mesmo mundo – são o foco principal do estudo do interacionismo simbólico, por serem o mais fértil veículo para as transformações interpretativas causadas pelo processo de interação. Blumer aponta que a sociedade tem sua essência num eterno processo de interação, onde cada ação deve ser tratada como ação conjunta – e nunca separada. O autor ainda afirma que cada ação conjunta precisa ser vista como tendo uma história, um contexto, e que essa orientação histórica é, geralmente, ordinária, no sentido de que é desenvolvida e se torna recorrente nos participantes que tomam partido nela. Por fim, o autor adiciona um índice de imprevisibilidade, afirmando que mesmo que elas sejam ‘ordinárias’, no sentido citado, elas ainda podem estar abertas a muitas possibilidades e incerteza.
O autor encerra o capítulo afirmando que escolheu não se concentrar sobre todas as implicações sociológicas do trabalho de Mead, mas apenas aquelas que ele considera de maior fecundidade científica.

Symbolic Interactionism - Perspective and Method - Por Herbert Blumer

Capítulo I - The Methodological Position of Symbolic Interactionism

O primeiro capítulo do livro de Herbert Blumer se ocupa em esclarecer tanto no que consiste a proposta metodológica do Interacionismo Simbólico quanto em mostrar que há uma compleição metodológica por trás da proposta teórica. O autor inicia o texto apontando várias similaridades entre o trabalho de vários autores, entre eles William James, John Dewey e George Herbert Mead, o qual, segundo Blumer, foi o mais eficiente na delimitação das idéias que estruturam o Interacionismo Simbólico. O artigo se estrutura, então, em primeiro mostrar as características da teoria, depois as posições e princípios metodológicos que guiam a corrente de pensamento.

O autor identifica três premissas básicas na qual age o Interacionismo Simbólico: (i) a de que os seres humanos agem para com as coisas de acordo com os significados que elas têm para eles. Essas ‘coisas’ podem ser efetivamente tudo que um ser humano pode notar em seu mundo – estruturas físicas, outros seres humanos, categorias de pessoas, instituições e encontros no dia-a-dia. A premissa seguinte é a de que (ii) tal significado deriva da interação social estabelecida entre as pessoas. Por fim, a de que esses (iii) significados são lidados com e modificados através de um processo interpretativo utilizado pela pessoa que está lidando com as ‘coisas’ que ela encontra. Tal perspectiva era, na época em que o texto foi publicado, contrária à maioria da literatura que concerne ao tema – para a qual o significado era uma coisa pré-definida e então deixada de lado com desimportante – ou somente uma ligação neutra entre os fatores responsáveis pelo comportamento humano e esse comportamento como sendo produto de tais fatores.

O autor faz uma harmonização entre conceitos da psicologia e da sociologia através da teoria apresentada, apresentando o modo pelo qual as duas disciplinas lidam com fatores comuns às interações sociais, de onde cada campo apenas aderiria a explicações independentes umas das outras para explicar o comportamento humano. Para Blumer, duas correntes teóricas dividem a posição sobre o problema: a (i) primeira que afirma que as ‘coisas’ possuem significados intrínsecos, sendo uma parte natural de sua composição; e a segunda (ii) que o significado é simplesmente a expressão de elementos psicológicos que entram em contato com a percepção da coisa – o que limitaria o processo de produção de sentido porque estaria sujeito apenas aos elementos existentes no momento do contato. O autor afirma que o Interacionismo Simbólico vê o significado como proveniente de outra fonte – ele surgiria da interação de outras pessoas com relação àquela coisa – os significados seriam produtos sociais como criações formadas através da interação das pessoas. Essa perspectiva contemplaria a existência de um processo de interpretação pelo qual se daria o sentido de forma muito mais dinâmica. Esse processo de interpretação ocorreria conforme dois passos: no primeiro o ator indicaria para si mesmo as coisas com as quais ele desejaria interagir, e no segundo, em conseqüência desse processo de comunicação consigo mesmo, a interpretação se localizaria como sendo um processo de lidar com significados. O processo de interpretação, para Blumer, seria formativo.

Blumer aponta a existência de um número de idéias básicas – imagens raiz – que se refeririam e transpareceriam as naturezas dos seguintes tópicos: grupos humanos, ou sociedades, interação social, objetos, o ser humano como ator, a ação humana e a interconexão entre essas linhas de ação.

Ele explica cada ponto de forma detalhada:

- Natureza da Sociedade Humana: se referiria ao fato de os grupos de pessoas serem considerados indivíduos que estão sempre entrando em co-ação. Para Blumer, grupos de pessoas ou sociedades só existem ‘em ação’. Dessa ação, resultariam tanto a cultura (derivada das coisas que as pessoas fazem quanto a estrutura social (relativa aos relacionamentos derivados de como as pessoas agem com relação umas às outras.

- Natureza da Interação Social: uma sociedade é composta por indivíduos interagindo entre si. As atividades de um membro ocorreriam em resposta – ou em relação – às atividades de outro. Blumer aponta que a Interação Social é uma interação entre atores – e não entre fatores associados a esses atores. A diferença com relação à abordagem do Interacionismo Simbólico é que ele reconhece a interação social como que forma o comportamento humano, ao invés de ser apenas um veículo para tal. Mead identifica, aqui, duas formas de interação social: uma não-simbólica (conversação de gestos), associada a movimentos reflexivos; e outra simbólica (o uso de símbolos significantes), associada a uma característica interpretativa, a um processo de formação de sentido. Mead vê uma carga grande de significado na idéia de apresentação de gestos, porque a interpretação de um gesto percorre as três dimensões da natureza do significado – o gesto significa algo pra quem o produz, algo para quem o vê/recebe e a ação conjunta, a articulação entre as duas ações.

- Natureza dos Objetos: para o IS, os mundos nos quais os seres humanos podem existir são compostos de objetos – objetos esses que são os produtos da interação simbólica. Os objetos podem ser: (a) físicos; (b) sociais e (c) abstratos. A natureza de um objeto depende estritamente de quem interage com ele. Objetos não possuem status sólidos – eles variam com as indicações e definições que as pessoas fazem sobre eles.

- O Ser Humano como Organismo Ator: o ser humano é visto como um organismo que não responde somente aos outros no nível não-simbólico – ele faz indicações e interpreta o que os outros comunicam. Um ponto importante aqui é a objetivação do ser. Como outros objetos, o objeto ‘self’ emerge do processo de interação social com as outras pessoas, na tentativa de diferenciação. Tais objetos ‘self’ seriam formados pelo processo de assunção de papéis – numa exteriorização de nossa consciência – projeção de nós mesmos, visão de nós mesmos, num processo de auto-interação (que seria proveniente dessa característica).

- Natureza da Ação Humana: A natureza da ação humana é reconhecer que a atividade dos seres humanos consiste em lidar com um fluxo de situações com as quais precisamos interagir – e tal interação é composta pela base interpretativa e sua relação com o que a pessoa percebe.

- Interligação de Ações: Talvez o mais complexo dos pontos discutidos por Mead, a interligação entre ações humanas consiste em organizações sociais de produção de diferentes atos de diversos participantes. Tais ações às vezes geram padrões – que existem de forma preponderante e recorrente em sociedades já estabelecidas. Blumer faz dois comentários distintos com relação ao presente esquema: o primeiro dizendo respeito ao fato de que a expressão das formas pré-estabelecidas de ações conjuntas não dita a extensão da vida em sociedade; e o segundo afirmando que precisamos reconhecer que mesmo no caso de ações conjuntas pré-estabelecidas e repetitivas, cada instância da ação conjunta precisa ser formada de forma inédita. Tais ações sempre estão relacionadas a ações prévias de seus participantes (numa lógica de intertexto).

Blumer, então, começa sua incursão pela problemática relativa à metodologia relacionada ao interacionismo simbólico. Para o autor, o interacionismo simbólico constitui uma abordagem científica empírica que precisa de um mundo empírico existente – que serve de como lugar de observação, estudo e análise. Ele determina, nesse ponto, que o conceito de realidade está absolutamente concatenado à existência desse mundo, no que se refere ao trabalho empírico, e só pode ser procurado e verificado quando em contato para com o mundo. Para o autor, a ciência empírica busca resolver seus problemas deslocando imagens do mundo empírico sob estudo e testando-as através do extenso escrutínio da problemática do mundo empírico. Tal afirmação leva ao fato de que a metodologia se refere, ou guia, os princípios que sobrescrevem o processo de estudo do caráter não-corruptível do mundo empírico.

Para o autor, uma metodologia funciona da seguinte forma: ela (1) abraça o problema científico inteiramente – e não somente uma pequena parcela dele; (2) cada parte desse problema, assim como ato científico completo, precisam se encaixar no mundo empírico, de modo que tais métodos possam ser testados e finalmente (3) o mundo empírico sob estudo – e não um modelo qualquer de questionamento científico – precisa prover as respostas decisivas para o teste.

Para isso, o pesquisador precisa de: (a) um esquema do mundo empírico sob estudo; (b) ter dúvidas sobre o mundo empírico estudado e converter tais dúvidas em problemas científicos; (c) Determinar os dados a serem procurados e os meios que podem ser empregados em consegui-los; (d) Determinar as relações entre os dados e por fim (e) Interpretar o que foi achado. Há ainda uma outra categoria que diz respeito a todo o processo, a idéia do (f) Uso de Conceitos – modos de categorização que são usados como guia para que dados vão ser coletados, procurados.

O autor critica duramente ainda os métodos quantitativos, principalmente de acordo com a quantificação de variáveis que, para ele, não podem ser quantificadas. Isso está explícito, em especial, na idéia dos procedimentos operacionais. Há ainda uma crítica quanto ao que é ensinado para os jovens pesquisadores – que apenas aderem a uma base protocolar de desenho de pesquisa, e que Blumer defende que não garante que o mundo empírico esteja sendo respeitado.
Blumer se debruça sobre a idéia de ‘testar uma hipótese’ como sendo uma das bases para estabelecer a base do trabalho empírico. Ele mostra que uma hipótese precisa (a) conter genuinamente o modelo do qual ela é deduzida e (b) ser testada e encontrar tanto casos positivos (que a confirmem), quanto casos negativos. O autor resume: “aderir a um protocolo científico e tentar replicar resultados testando hipóteses não garante a validação empírica genuína que as ciências sociais requerem”. O autor ainda traça uma crítica aos pesquisadores que se utilizam de tais protocolos operacionais para tentar explicar um mundo do qual eles não participam.

Finalmente, Blumer aponta dois caminhos metodológicos pelos quais os usuários da metodologia do Interacionismo Simbólico podem enveredar: o primeiro diz respeito à dinâmica da (1) Exploração, pela qual um estudioso pode encontrar tanto um relacionamento de compreensão daquela esfera social quanto desenvolver suas argüições para com o problema. A dinamicidade de alguns ambientes é especialmente vivida nessa dinâmica. A segunda dinâmica é a da (2) Inspeção, que consiste em examinar de forma intensiva o conteúdo empírico e de forma criativa abordar suas questões – o que Blumer sugere como indo na contramão do que é feito nas ciências psicossociais – tal método descende do método usado por Darwin em sua teoria da evolução das espécies.

O autor, ainda falando sobre metodologia, delineia os principais problemas que um cientista social usando o Interacionismo Simbólico pode encontrar: (1) transferir sua visão como sendo a visão do grupo estudado; (2) como as linhas de comportamento das pessoas são traçadas de acordo com os lugares onde elas vivem, há um problema sério de validade nas aproximações de grande escala – além de não se ter exatamente uma dimensão do aspecto social do referido grupo (geralmente se minimizando ou simplificando-o). (3) como as ações sociais são o campo central do estudo, elas precisam ser bem delineadas - e seu processo de desenvolvimento deve ser acompanhado na íntegra.

Por fim, na sua breve conclusão, o autor, imperativo, pede para que se tenha um maior respeito com questões de metodologia associadas ao Interacionismo Simbólico.

Capítulo II - Sociological Implications of the Thought of George Herbert Mead

O segundo capítulo reflete, como o título afirma, a visão de Blumer de acordo com o pensamento de Mead. O artigo se debruça sobre muitos temas que já foram vistos no capítulo anterior, contudo. O autor inicia combatendo a idéia de que os significados estão imbuídos no mundo ao redor, e que a consciência e as mentes dos seres humanos já viriam com uma pré-visualização da realidade. O autor então, envereda por analisar os 5 pontos que Mead aponta em seu trabalho e que foram de valor inestimável para construir o campo do Interacionismo Simbólico.

(1) O Self – Mead interpreta o homem como sendo um ator que pode tanto interagir com os outros quanto consigo mesmo – essa visão era extremamente diferenciada das abordagens psicossociais de seu tempo.

(2) A Ação – A ação é desenvolvida num processo dinâmico para com o mundo – ao invés de meramente ser uma estrutura psicológica previamente existente ativada por fatores incidentes àquela estrutura.

(3) Interação Social – Aqui a contribuição principal do autor foi fazer uma diferenciação entre Interação Simbólica e Não Simbólica – no que diz respeito à Interação Não-Símbólica, a idéia é a de que podemos interpretar gestos que são puramente reflexivos e nos comportar de acordo com isso, não contendo simbologia. A interação simbólica estaria permeada por símbolos, sendo, então, interpretada. Aqui tem-se que apontar que a produção de sentido é um processo formativo – diferente da insistência das ciências da psicologia em tratar tal interação somente como um fator externo, um meio neutro.

(4) Objetos – Qualquer coisa, eventualmente, num mundo empírico. Podem ser físicos, sociais ou abstratos. Sua natureza é construída com base em sua significação, em seu sentido – e sua significação depende de quem se refere a eles. Todos os objetos são produções sociais, de modo que eles assim são formados e assim são transformados pela interação social e seu processo de interpretação.

(5) Ações Conjuntas – São linhas de comportamento e interações entre os homens que coexistem no mesmo mundo – são o foco principal do estudo do interacionismo simbólico, por serem o mais fértil veículo para as transformações interpretativas causadas pelo processo de interação. Blumer aponta que a sociedade tem sua essência num eterno processo de interação, onde cada ação deve ser tratada como ação conjunta – e nunca separada. O autor ainda afirma que cada ação conjunta precisa ser vista como tendo uma história, um contexto, e que essa orientação histórica é, geralmente, ordinária, no sentido de que é desenvolvida e se torna recorrente nos participantes que tomam partido nela. Por fim, o autor adiciona um índice de imprevisibilidade, afirmando que mesmo que elas sejam ‘ordinárias’, no sentido citado, elas ainda podem estar abertas a muitas possibilidades e incerteza.

O autor encerra o capítulo afirmando que escolheu não se concentrar sobre todas as implicações sociológicas do trabalho de Mead, mas apenas aquelas que ele considera de maior fecundidade científica.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Contexto contemporâneo: Comportamento Social e P2P

P2P e a evolução humana
(BAUWENS
)

Data de apresentação: 20/03/09
  • P2P: equipotência, relações dinâmicas, livre cooperação, autoridade aceita diante da experiência, produção de bem comum.
  • Implica em troca de comportamento e visões de mundo
  • Permite que qualquer um possa blogar/ter voz, como em chats, mensageiros instantaneos, telefone IP, etc.

P2P chave das tecnologias que suportam o atual sistema econômico, político e social
"Companies have used these technologies to integrate their processes with those of partners, suppliers, consumers, and each other, using a combination of intranets, extranets, and the public internet, and it has become the absolutely essential tool for international communication and business, and to enable the cooperative, internationally coordinated projects carried out by teams."


  • Emergência decorrente da descentralização e redundância
  • Visa eficiência e produtividade
  • Material produzido sendo apropriado por sistema de capital. Controle informacional.
  • A tecnologia reflete a nova forma de ser social e quebra limites de tempo e espaço.
  • Processos P2P sempre existiram mas só agora, devido a tecnologia, pode ter uma emergência massiva.

Contexto contemporâneo: Navegar no Ciberespaço

Navegar no ciberespaço
(SANTAELA)

Data de apresentação: 20/03/09
  • Interação: democrática, participação dos cidadão, conteúdo selecionável pelo usuário, bidirecionalidade. S: ação, intertrabalho, sinergia, simbiose, agenciamento, cooperação, conversar e entender outras pessoas.
  • Diferentes graus e modalidades de interação
  • Tecnologia permite a intensificação da interferência do receptor, aumentando seu participação e dinamicidade do processo.
  • Negociação – importante para o entendimento (conversação)
  • A mediação altera o processo e possibilita mudanças na identidade
  • Interação síncrona e assíncrona
  • Possibilidade de restaurar, alterar, modificar e transfomar.
Dialogismo Bakhtiniano
  • Heteroglossia - interação entre dois fundamentos da comunicação.
  • Diálogo como “luta de signos”,
  • Linguagem dando sentido aos humanos via movimento, diálogo.
  • Contexto tem importância espacial e temporal
Dialogismo Peirceano
  • Signo determinado por algum objeto e a idéia na mente do interpretante
  • Ação do signo ou semiose – processo pelo qual a verdade é revelada, o interpretante em relação ao processo objeto-signo.
  • Modelo: signo é o mediador; conhecimento é mediado, pensamento é dialógico.
  • Ação do signo não é individual e sim social
Pontos comuns
  • B: linguagem é social (extraposição de perguntas e respostas)
  • P: ação do signo é social (rede humana de diálogos)
  • Linguagem é um fluxo constante como o potencializado no ciberespaço
  • Mídia interativa se assemelha a externalizações e objetivações das operações da mente
  • Externalizam a essência do dialogismo

terça-feira, 14 de abril de 2009

Padronização das postagens

  • Título do post: nome do módulo;
  • Conteúdo: um texto por postagem, título do texto no início do post em neglito; data da apresentação.
  • Tags: autores e palavras chaves.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Fichamento 4

Mídia e Cibercultura
03/04/09
Thais Vivas Mariano


Fichamento 4

O professor chamou atenção para o fato de que, em todos os textos, há 2 palavras chaves: ordem e regularidade.

Sociologia, Anthony Giddens
Capítulo 4: Interação Social e Vida Cotidiana

-Interação social é o processo pelo qual agimos e reagimos em relação àqueles que estão ao nosso redor.
- Diferentes nações: globalização, experiências exóticas.

O Estudo da Vida Cotidiana
-desatenção civil (Goffman). Comportamento que esperamos do outro em muitas situações. Cada indivíduo reconhece a presença do outro, mas evita qualquer gesto considerado invasivo.
- Estudar formas aparentemente sem importância de interação social é instigante por 3 motivos.
1) as rotinas diárias dão estrutura e forma ao que fazemos;
2)o estudo do cotidiano mostra como agimos criativamente para moldar a realidade (perspectiva interacionista simbólica);
3) lança luz para sistemas sociais maiores e as instituições.
-“Todos os sistemas sociais de larga escala, com efeito, dependem de padrões de interação social que empregamos diariamente”.

Macrossociologia e microssociologia

- a macro e a micro estão intimamente ligadas.
- macro: as maneiras como as pessoas vivem suas vidas cotidianas são muito influenciadas pela estrutura institucional mais abrangente.
- micro: necessários para iluminar padrões institucionais abrangentes.
- a interação em microcontextos afeta processos sociais maiores e os macrossistemas afetam casos mais restritos da vida social.

Comunicação não-verbal
-expressões faciais, gestos, movimentos corporais.
- é ilusório pensar que comunicação não-verbal é o mesmo que linguagem corporal. Usamos as pistas não-verbais para limitar ou expandir o que dizemos com palavras.
- exemplo de associação entre macro e micro: relações de gênero entre homens e mulheres. Assédio masculino às mulheres.
- eliminar as questões macro é entender parcialmente as interações.



Rosto, gestos e emoção

-Ekman: visão de que a expressão facial da emoção e sua interpretação são inatas nos seres humanos. Eibl-Eibesfeldt e seu estudo com crianças surdas e cegas.
- Giddens defende que, embora a expressão facial pareça ser inata, há uma interferência da cultura e de fatores individuais na forma exata das expressões faciais.
- os gestos e a postura corporal também são usados para completar afirmações e transmitir idéias.
- um olho treinado pode detectar mentiras pela observação de sinais não-verbais.

A “imagem” e a auto-estima

- a palavra “imagem” pode se referir à estima na qual um indivíduo é tido pelos outros. Nós administramos nosso comportamento para manter a boa imagem.
- nos comportamos, mesmo que inconscientemente, com controle das expressões faciais, da postura corporal, dos gestos ao interagirmos com os outros.

Gênero e comunicação não-verbal

-concepções de gênero e de papéis de gênero são influenciados por fatores sociais e largamente relacionados a questões de poder e posição na sociedade.

Regras sociais e diálogo

-estudo das conversas. Influência de Goffman.
- Garfinkel: fundador da etnometodologia (estudo dos métodos que as pessoas usam para dar sentido ao que os outros fazem e, em particular, ao que dizem).
- uso das palavras no contexto cotidiano.

Concepções compartilhadas

- as pressuposições culturais compartilhadas, embora não-verbais, são fundamentais para o próprio tecido social. Delas depende a estabilidade e o sentido da nossa vida social cotidiana.
-os experimentos de Garfinkel com voluntários. As pessoas se irritavam quando as pressuposições não-verbais não eram usadas.
- Giddens diz que sua quebra acarreta sérios resultados, mas não chega a dizer quais são eles.

Vandalismo interacional

-as conversas mantêm nossas vidas em um estado estável e coerente. Quando as convenções tácitas do dialogo são quebradas, nos sentimos confusos, ameaçados e inseguros.
- nos diálogos, os interlocutores cooperam. Tensões surgem quando um deles é não-cooperativo. Ex.: os estudantes voluntários de Garfinkel foram não-cooperativos.
-Duneier e Molotch: uso da técnica da análise da conversação. Este método analisa todas as facetas (até interjeições e pausas).
-homens negros, viciados e sem-teto em diálogo com mulheres brancas. Algo dá errado.
- os autores usam o termo vandalismo interacional para descrever casos em que um subordinado quebra as bases tácitas de interação cotidiana, de valor para com os mais poderosos.
- nas interações um com o outro ou com comerciantes os homens de rua entram em conformidade com as formas de discurso cotidianas, usam as convenções.
- o vandalismo interacional deixa as vítimas atordoadas.
- o vandalismo interacional é outro exemplo de ligações entre o nível micro e o nível macro. Está intimamente atrelado às estruturas de classe, status, gênero e raça.

Formas de falar

-etnometodologia tem muitos críticos.
- Giddens diz que, entretanto, o estudo do diálogo cotidiano mostrou a complexidade do domínio da linguagem pelas pessoas. Prova disso é que ainda não se conseguiu programar computadores para fazer o que nós humanos fazemos tão bem.

Respostas exclamativas

- interjeições não são involuntárias porque as pessoas não costumam fazer a exclamação quando estão sozinhas.
-Goffman: alerta controlado. Demonstramos continuamente aos outros nossa competência nas rotinas da vida cotidiana.

Lapsos da fala
- lapsos de fala nunca são realmente acidentais. São motivados por sentimento que são reprimidos em nossa mente consciente.

Rosto, corpo e discurso na interação

- Goffman: interação focalizada (quando indivíduos prestam atenção ao que os outros dizem ou fazem).
-encontro precisa de inícios, o que indica que a desatenção civil está sendo descartada.
-Goffman distingue entre as expressões que os indivíduos afirmam e as que eles deixam sugeridas.

Marcadores
- Marcadores para Giddens. Parênteses para Goffman.
- operam a distinção entre cada episódio da interação focalizada e o episódio anterior e à interação não-focalizada que ocorre no plano de fundo.
- ocasiões formais: uso de mecanismos reconhecidos para sinalizar o início e o fim de um encontro.


Gestão de impressão

-uso de noções de teatro para analisar a interação social.
-as pessoas são sensíveis à maneira como são vistas pelos outros e usam muitas formas de gestão de impressão para compelir os outros a reagirem a elas da maneira que desejam.
- isto normalmente se dá sem atenção consciente.
-status atribuído e status conquistado. Status mestres (têm prioridade sobre os outros).

Regiões de frente e regiões de fundo

- frente: indivíduos representam papéis formais.
-fundo: lugares onde as pessoas armam o cenário. Onde é permitida a conduta profana, trajes informais, resmungos, etc.

Espaço pessoal

-existem diferenças culturais sobre espaço pessoal.
- Hall: distancia íntima, pessoal, social, pública. Conceitos que pude perceber, serem bastante difundidos, uma vez que aparecem nos outros textos.
- na interação comum as zonas mais disputadas são as da distância íntima e pessoal.
- as questões de gênero também estão presentes. Exemplo do assédio sexual.

Interação no tempo e no espaço

- Toda interação é situada e tem duração especifica.
- quando analisamos os contextos de interação social, é útil observar os deslocamentos das pessoas e reconhecer essa convergência espaço-temporal.

O autor traz um quadro no qual explica o construtivismo social:
“Aquilo que os indivíduos e a sociedade percebem e entendem como realidade é, em si mesma, uma criação da interação social dos indivíduos e dos grupos”.

Tempo do relógio

- a forma de medição do tempo é uma padronização global.

Vida social e ordenação do espaço e do tempo

- a Internet fornece outro exemplo da intima ligação entre as formas de vida social e o nosso controle de espaço e tempo.
- rearranjamento do espaço. Alteração da experiência do tempo.

Conclusão

-algumas pessoas preocupam-se que os rápidos avanços na tecnologia de comunicações, como e-mail, a Internet e o comércio eletrônico, não farão senão aumentar essa tendência às interações indiretas.
-qual será a natureza dessas interações e que novas complexidades estão delas surgindo?
-a comunicação online parece dar mais espaço à má interpretação, à confusão e ao abuso do que as formas tradicionais de comunicação. (Locke).

- alguns discordam. Dizem que a comunicação eletrônica mascara todas essas marcas identificadoras e assegura que a atenção se concentre estritamente no conteúdo da mensagem.
- freqüentemente, a interação eletrônica é vista como libertadora e potencializadora.

- ninguém questiona que as novas formas de mídia estão revolucionando a maneira como as pessoas se comunicam, mas, mesmo em momentos em que é mais conveniente interagir indiretamente, os humanos ainda valorizam o contato direto.

-Harvey e Molotch: compulsão de proximidade. A necessidade de os indivíduos se encontrarem em situações de co-presença ou de interação face a face.

-as pessoas saem para ir a reuniões, segundo Boden e Molotch, porque situações de co-presença, por situações documentadas por Goffman, fornecem informação muito mais rica sobre como outras pessoas pensam e sentem-se e sobre sua sinceridade do que qualquer forma de comunicação eletrônica. (Talvez uma resposta para o questionamento que fizemos em sala).


Comunicação na Interação Face a Face


Capítulo 1: A análise experimental da performance social
Autores: M. Argyle e A. Kendon


- Na introdução, os autores dizem que o artigo se trata de algo que é chamado por Goffman de “interação focalizada”. Dizem que “interação focalizada” é o que as pessoas fazem quando estão na presença umas das outras, são situações de conversa. Tais situações são a principal preocupação dos autores.

- Análise de habilidades sensórias em situações de interação. Dizem que devemos considerar todos os aspectos do comportamento das pessoas que podem afetar outras pessoas na interação, como proximidade física, postura, orientação, linguagem, discurso, movimentos do corpo e expressões faciais.

- Dizem que, no decorrer do texto, indicarão como estes diferentes aspectos do comportamento se relacionam. A parte final tratará da apresentação da auto-imagem, da quebra da performance social e da questão da formação em competências sociais específicas.

Estruturas teóricas- o modelo de habilidades sensórias e interação

- Uma habilidade pode ser definida como uma atividade organizada, coordenada, em relação com outro objeto ou situação, que envolve uma cadeia sensorial, mecanismos motores e centrais.

- A performance é adaptada a cada situação.
- Citam Goffman quando ele diz que um indivíduo engajado em uma interação quer ter certeza de que seu tom de voz, gestos e palavras são apropriados para a ocasião.
- Welford e Crossman traçaram 3 estágios do processo da performance humana.
1) percepção;
2) processo central de tradução (plano de ação governado pelo objetivo de cada um);
3) performance (motor output).

Percepção

- Estudantes do desempenho humano nos processos perceptivos, salientaram sua natureza seletiva e que os aspectos do input que são selecionados são determinados pelo objetivo do executante (Welford, 1958; Broadbent, 1958). Considerações similares, provavelmente, podem ser aplicadas na interação social.

- Quem vai interagir busca informações sobre a manutenção de um desempenho adequado (Jones and Thibaut, 1958).

- Há muito trabalho sobre as informações selecionadas e seu uso no curso da atividade de interação.

Processo de tradução

- quando o input é selecionado e interpretado, é posto em uso.
- Segundo Welford, processo de tradução é o modo como os itens percebidos são postos em prática.

Processos de Efeito

- Processos de efeito é a própria performance.
-Welford notou que os processos de efeito são organizados em um número de níveis hierarquicamente dispostos.



Interrelacionando performances

-estado estável = equilíbrio. Modelo do equilíbrio de Goffman.
-Homans and Simon: ninguém tende a mudar o padrão.
-cada interator tem um repertório de respostas sociais alternativas.
-equilíbrio: balanço entre forças de aproximação e de forças de evitar.


Recursos permanentes

-Na interação focalizada os participantes estão disponíveis para uma inspeção visual mútua.
- A posição no espaço e orientação parecem ser comportamentos distintivos que marcam a interação focalizada.
- dentro de uma cultura ou subcultura, apenas certa gama de tipos de interação focalizada pode ser encontrada. Exemplo: encontro de estudantes. São 5 tipos: tutorial, seminário, conferência, consulta privada e sherry.
- as regras do comportamento diferem em cada uma dessas ocasiões. Esta é uma dimensão de classificação.
- a outra dimensão de classificação: a motivação dos participantes, a satisfação na interação social. Por exemplo, em uma sessão de psicoterapia, o psicoterapeuta é motivado por seu trabalho.
- apresentação de alguns recursos estáticos. Hall tratou sistematicamente de alguns aspectos estáticos.
- ele distinguiu 7: a)postura;
b)orientação;
c)distância física entre os participantes;
d)presença ou não de contato físico;
e)a forma do contato físico entre eles;
f)se e como os participantes olham um para o outro;
g) se sensações olfativas e térmicas operam no encontro.

- Ele apontou a forma como cada um destes componentes pode formar diferentes combinações e que os diferentes participantes podem usar as diferentes combinações. Deste modo, o sistema é altamente flexível.
-Hall mostrou como os componentes podem ser coordenados em um sistema para definir 4 diferentes distância fixas: 1) intimidade, 2) casual-pessoal, 3) social-consultivo e 4) público.
- Exemplo: no casual-pessoal, prevalecem a visão e a audição.
- Esta idéia de Hall pode despertar uma série de questões. 1) o quanto invariável são essas relações por ele descritas? 2) se há variações, quais são as conseqüências?
- o autor faz alguns estudos sobre cada um dos componentes. Começa a falar sobre a distância.



Distância

- Pioneiro neste estudo: Sommer. Ele notou que a distância física ode ser usada para sinalizar ao outro que se trata de uma interação mais íntima.
- Mudanças de distância sinalizam mudanças na relação.
- o interesse do autor é em saber como o desempenho de um indivíduo é afetado pelo interlocutor.
- Diferentes aspectos de um desempenho individual são afetados diversamente, de acordo com sua posição no sistema de papéis do encontro.
- O autor relata alguns estudos sobre o comprimento das ações dos indivíduos.
- Kendon confirmou que os indivíduos eram característicos em seu padrão de ação a partir de uma conversa com o próximo. Ele disse que o comprimento das ações dos sujeitos é inversamente relacionado com o comprimento das ações de sues parceiros.
- Variações no tempo das ações de uma pessoa foram consideradas como efeitos dramáticos no comprimento das ações do outro.
- Conclui esta seção dizendo que, apesar de muito trabalho com interessantes resultados ter sido feito com este método de análise, um quadro teórico devidamente desenvolvido é ainda necessário.

Linguagem e discurso

- para diferentes tipos de encontro, diferentes estilos de linguagem são adotadas (Joos).
- função da língua na interação social

Orientação visual

-para onde uma pessoa está olhando ou para onde parece olhar é uma matéria de considerável significado social.
-Goffman esclarece que a interação focalizada é iniciada por um período de contato visual, o que sinaliza que cada pessoa está pronta para interagir com a outra.
- há vários estudos sobre como os olhares podem ser interpretados.
-quando uma pessoa olha para outra quer colher informações sobre ela.

Movimento do corpo, expressão facial e padrões de olhares

-Scheflen: encontros com psicoterapeutas. Análise das pessoas que entravam na sala. Mudanças na postura e nos padrões de movimentos.
- não há ainda uma evidencia clara das funções destas mudanças de postura.
-Kendon observou que quem falava olhava sem interrupção para seu interlocutor.

A motivação para a auto-apresentação

- há 2 fontes de motivação:

1)pessoas inseguras com sua auto-imagem precisam de uma continua confirmação de que elas são realmente o que pensam e gostaria de ser.

2) outros podem querer projetar uma auto-imagem primeiramente por questões profissionais.

-Auto-imagem abarca a idade, imagem do corpo, sexo, ocupação, classe social.
- há 3 prováveis origens: 1) influência da reação dos outros, 2) comparação entre si próprio e os outros, 3) a interpretação de papéis. O indivíduo seleciona o que vai prevalecer.

- o comportamento de uma pessoa vai demonstrar o que ela pensa ser e como ela é tratada.
- uma série de discussões interessantes. Entre elas, a questão: o que acontece quando uma auto-imagem é apresentada mas não é aceita pelos outros?

Sumário e conclusão

-este artigo sugeriu que o modelo de Welford e Broadbent pode ser aplicado ao comportamento de pessoas na interação social.
- na interação, não se pode ignorar a interrelação entre as performances e a noção de equilíbrio.
- importante distinguir recursos relativamente constantes na interação e recursos dinâmicos como postura, orientação, posição espacial. Estes recursos dinâmicos têm uma variedade de funções conforme o tipo de encontro.
- a estrutura e função dos movimentos significantes para a interação estão apenas começando a ser entendidos.
- não há dúvida do valor destes estudos. Quanto mais estes estudos se desenvolverem, melhor poderemos entender a natureza dos processos interpessoais.


Capítulo 14: E. T. Hall
Pressupostos silenciosos na comunicação social


- O paper trata brevemente da proxemics (o estudo dos modos pelos quais o homem ganha conhecimento do conteúdo da mente de outros homens através de avaliações de padrões de comportamento associados com graus variados de proximidade entre eles).

- Proxemis pode ser traduzido como proxemia.

- Porque são muitas vezes aprendidos e ensinados fora da consciência, são muitas vezes tratados como inatos.

- Cita Walden, livro escrito por Thoreau. Diz que ele nomeou algumas das variáveis por meio das quais as pessoas inconscientemente definem distâncias.
- Transcreve um trecho do livro.
- Afirma haver paradoxos associados com o comportamento proxemic.

Alguns paradoxos

- Há mais nos padrões de comportamento baseados na distância interpessoal do que podemos ver.
- a arquitetura
- Gibson: o tratamento mais compreensível sobre como os homens percebem a realidade visual.
- A maioria das pessoas tem somente a mais vaga noção das regras que governam o uso de seus imediatos e distantes receptores.

Estratégia de pesquisa

- Uma combinação de estratégias de pesquisa foram empregadas neste estudo (observação, entrevistas).
- Paradoxo: o banal confrontado com o banal de outra pessoa.
- Outro paradoxo: ao falar ou escrever sobre a reação de alguém que foi tocado ou soprado por um estranho, a descrição perde muito do efeito imediato.
- a mais básica distinção entre grupos: contato e não-contato.

Distância Fixa

- 4 distâncias fixas: intimidade, casual-pessoal, social-consultivo e público. Cada distância fixa é caracterizada por fases de proximidade e de afastamento.

-Para os norte-americanos, avaliações do espaço dependem principalmente da tátil-cinestesia, radiação de calor, oral-auditiva.

- mais comuns: social-consultivo e casual-pessoal.
- social-consultivo: ninguém toca ou espera ser tocado.

- O autor passa a fazer uma descrição muito minuciosa de cada uma dessas fases. Considerações sobre distancia entre os corpos, olhares, tom de voz, calor, cheiro, odor, expressões faciais, visão periférica, etc.
Eis um breve resumo:
- Close phase (fase de aproximação): 4 a 7 passos. Usada por pessoas que trabalham juntas. Há mais implicação de envolvimento do que a fase de afastamento (distant phase). Olhar alguém de cima desta distância é dominá-lo completamente. Exemplo: um homem falando com sua secretária.

- Distant phase: 7 a 12 passos. Para negócios. Mais formal que a close phase. Exemplo: mesas de autoridades são grandes o suficiente para evitar aproximação das pessoas.
-Nesta distância, os detalhes da face são perdidos. Calor e odor não são percebidos.
- O tom de voz é mais alto que o da fase de aproximação.
- autoridades e superiores hierárquicos ficam um pouco acima. Olham para baixo ao falar com o outro.
- uma das funções desta distância é prever a flexibilidade de participação, de modo que as pessoas podem ir e vir sem ter que falar.

Distância íntima
- 2 sujeitos estão profundamente envolvidos um com o outro.
Fase de afastamento: 6 a 8 polegadas.
Fase de aproximação: Calor e odor são detectados. Visão dos detalhes.

Distância pública: fora do círculo de envolvimento

Fase de aproximação: 12 a 25 pés. Os participante não pode tocar ou passar objetos um para o outro.
Fase de afastamento: 30 pés. Para figuras públicas importantes. Ex.: John Kennedy.

Significado e distância

- que significado as pessoas anexam a diferentes distâncias? O próprio conceito de proximidade evoca imagens diferentes do que distância. Há sentidos literais e figurativos para “ficar próximo”de alguém.

Sumário
- a comunicação operando fora da consciência parece ser uma extraordinária forma persistente de comportamento cultural específico.
- como o homem codifica a distância é uma função das combinações de receptores que ele usa.
- a pesquisa da proxemic está na sua infância e sofre com algumas falhas óbvias. Portanto, este trabalho é um relatório, e não, uma declaração definitiva deste campo de estudo.